Boa noite, galera! Como estão?
Depois de um tempinho ausente, e peço desculpas pelo atraso, continuamos nosso projeto firmes e fortes! Hoje trago, então, a resenha do terceiro livro publicado por Jorge Amado (1934), "Suor".
Suor que também faz parte dos livros socialistas e popularmente conhecidos como "panfletários", também acabou sendo queimado pelo governo de Getúlio Vargas.
Nesse livro, ambientado no pelourinho na Bahia, encontramos um casarão antigo que se transformou em um cortiço habitado por vários moradores em situações de pobreza e miséria. O interessante nesse ponto é a presença de diversas pessoas de distintas origens, temos um judeu, espanhóis, cearenses e outros mais.
Esses moradores se encontram em estados de extrema pobreza, como já disse, dividem espaço com ratos, baratas e até uma cobra. Lemos esse livro conseguindo sentir essa calamidade, cheiros podres, urinas e marginalização.
Acho que vocês já leram algo parecido, não é mesmo? Jorge Amado consegue, assim como Aluísio de Azevedo, transparecer em sua escrita um tom escatológico.
O que difere "Suor" ao "O Cortiço" é que com jorge Amado, encontramos uma linguagem mais coloquial, completamente próxima da musicalidade falada dos moradores do 68. Não que Aluísio não demonstrasse isso em seu cânone, porém encontrei isso melhor exposto com Jorge Amado.
Outro aspecto interessante é a narração dinâmica em que encontramos em "Suor", diferentemente dos primeiros livros anteriores, aqui encontramos um maior número de personagens e um foco narrativo não apenas em um personagem, mas sim nesse "ciclo" envolvendo personagens diferentes. Por essa razão, reflito que o personagem principal é o próprio cortiço!
Prostitutas, operários, lavadeiras, costureiras, mendigos, desempregados e anarquistas constroem o cenário desse envolvente livro que retrata o cotidiano de pobreza, sujeira e libertinagem da vida urbana. Construídos pelo suor de cada um (a vida difícil que cada um leva consigo), temos um caráter de opressão e a exploração. O final, e agora concreto nas palavras de Jorge, e a revolução. (Encontramos alguns personagens com essa inspiração).
O divertido, não sei se é a palavra correta para usar, de ler esse livro é conviver as dificuldades junto com esses personagens singulares, a luta por uma vida melhor, seja ela da maneira mais suja possível.
Alguns pontos são importantes de se notarem, como a sociedade machista, a opressão (disfarçada pelo capitalismo), e o estivo de vida dos personagens, como uma espécie de categorização.
"Homem para ser homem precisa beber cachaça, dormir na cadeia e ter gonorreia" AMADO, 1934, p.52
Em vários momentos encontramos ideias de descontentamento dos moradores, que sempre conversavam sobre revoluções, tinham grande influência (além de saberem) da Revolução Russa.
Uma passagem me marou bastante, e é com ela que eu gostaria de concluir essa resenha, encontramos uma passagem em que uma moradora negra, com outro negro, o Henrique estão conversando, temos o seguinte diálogo:
"-Você sabe qual é a coisa mais maravilhosa do mundo?
[...] - Não sabe qual é? É o cavalo. Se não fosse o cavalo, branco montava em negro..."AMADO, 1934, p.44
Essa abora, acima de tudo, é de extrema importância para o modernismo brasileiro, pois com ela conseguimos um grande feito em que os escritores modernistas sempre tinham e pauta e buscavam encontrar: o social brasileiro. (Neste caso, a triste realidade dos marginalizados do Brasil, a grande maioria da população da época).
Enfim pessoal, gostei bastante da leitura, eu confesso que esperava mais, queria ler algo mais parecido com o cortiço do Aluísio de Azevedo, com muito barraco e tramas mais concretas, porém Jorge Amado conseguiu criar um livro bom e memorável. Recomento!
E vocês, quem já leu "Suor"? Deixe nos comentários o que acharam dessa aventura!
Foto das leitoras que acompanham o projeto e usaram a #lendojorgeamadoliterall
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Links:
Resenha "O país do carnaval": http://alllitera.blogspot.com/2018/03/resenha-o-pais-do-carnaval-jorge-amado.html
Resenha "Cacau" : http://alllitera.blogspot.com/2018/03/resenha-cacau-jorge-amado.html
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Boa noite Renam, Boa resenha Que retrata com verdade a mensagem que Jorge queria passar para seus leitores.
ResponderExcluirA intenção é mostrar para todos o que minoria busca esconder. A informação certa empodera e gera o desejo da revolução. A eterna luta de classes, a misigenada cara do Brasil com seus estrangeiros tão nossos.
Gratidão pelo projeto.
Sonia
Muito obrigado, Sonia!
ExcluirFico muito feliz com sua participação e apoio <3
Não sabia que as cópias de Suor haviam sido queimadas
ResponderExcluirNão senti tanta falta dos barracos kkkk
Gostei de ver o 68 como “personagem principal” por poder ter a visão ampla da situação e não de algo que envolvesse algum romance ou algo do tipo
No final, esperei realmente por um romance, e quis que ele acontecesse, mas fiquei bem feliz que não kkkk doente sou
Enfim, gostei bastante do livro e da sua resenha também, obrigada!
Muito obrigado, Maria!!
Excluir<3
Gostei muito do livro. Retrata bem uma realidade de miséria em que as personagens vivem. Triste saber que isso ainda perdura em nosso país. Parabéns mais uma vez pelo projeto e agradeço poder participar. Estou adorando!
ResponderExcluirMuito obrigado! É uma honra poder ter você participando desse projeto comigo <
ExcluirGostei muito de ter lido o livro, e gostei tb da sua resenha! Foi interessante ler depois de Cacau, no qual o autor retrata a miséria no campo, e ver retratadas em Suor a miséria na cidade e as ideias revolucionárias e emancipatórias de Jorge Amado.
ResponderExcluirCada vez que leio Jorge eu vejo que nossa realidade infelizmente não mudou, parece muito atual. A miséria, a pobreza, a prostituição e o descaso do governo ainda está presente na sociedade. Foi primeiro livro que senti verdadeiramente a pegada comunista de Jorge, onde ele joga na nossa cara os defeitos da sociedade. Adorei a resenha e até Jubiabá! bjos
ResponderExcluirBom dia Renan, parabenizo pela sua excelente resenha, bem a altura de Jorge Amado. Como já foi enfatizado e compreendido pelo grupo #lendojorgeamado é visível a tendência, o entrosamento e admiração do escritor pelo comunismo russo . Sua comparação com o Cortiço de Aluízio de Azevedo, um pouco mais delineado nas auguras dos personagens, sendo que em Suor foi mais generalizado. Estamos caminhando bem e chegaremos aos melhores romances, com certeza.
ResponderExcluirParabéns Renan pela resenha... Você me deixou curiosa para ler o cortiço!
ResponderExcluirAbraços.