sábado, 31 de março de 2018

Resenha: Cacau - Jorge Amado #lendojorgeamadoliterall

   Bom dia, galera! Seguindo nosso cronograma do projeto, vamos conversar um pouquinho sobre o segundo livro publicado por Jorge Amado em 1933, "Cacau".   
   Acompanhamos a vida de José Cordeiro, sergipano que se vê obrigado a trabalhar numa fazenda de cacau no sul da Bahia. José que era filho de um industrial, perde sua herança após um golpe de seu tio. A melhor saída para essa crise, foi mudar-se para a Bahia a procura de um trabalho. 
   Em Pirangi, na fazenda Fraternidade (uma ironia esse nome, pois essa virtude não existe no livro e, muito menos pelo senhor da fazenda), José consegue um serviço na plantação de cacau, onde se desenvolverá toda a história. Como o próprio Jorge Amado diz, "Tentei contar nesse livro, com o mínimo de literatura para um máximo de honestidade, a vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia." 
   De fato, Jorge Amado consegue cumprir com o prometido logo no início do livro, a caracterização dos trabalhadores, com um cunho apegado às questões sociais, transformaram um livro que ele mesmo se questiona "Será um romance proletário?". Esses trabalhadores retratados no livro sofrem tratamentos de semi-servidão, com relações de trabalho próximas ao escravismo. 
   Os trabalhadores eram comparados a animais, por simplesmente não possuir voz e nenhuma condição social para reverter a situação em que eram submetidos. 
"Mais animais do que homens, tínhamos um vocabulário reduzidíssimo onde os palavrões imperavam (…). Eu, naquele tempo, como os outros trabalhadores, nada sabia das lutas de classe. Mas adivinhávamos qualquer coisa."
Com uma linguagem extremante coloquial, com gírias regionais e palavras pronunciadas erradas pelos trabalhadores, porém com muita sensibilidade e tons de crítica (veja bem, apenas tons, pois ainda não encontramos nesse segundo livro de Jorge, soluções e caminhos para resolver a problemática central do livro), Jorge Amado consegue reproduzir em seu livro, cenas cinematográficas dos trabalhadores nas fazendas de cacau, cada personagem com suas particularidades e histórias para contar.
   Seguindo a narração, Sergipano, jovem loiro e alfabetizado, é um contraste com os demais trabalhadores e, logo, chama a atenção de Maria, a filha do patrão. José se vê com uma grande oportunidade de ser patrão novamente (tendo em vista que teve a oportunidade na indústria em que seu tio lhe pregou um golpe), caso continuasse suas relações com Maria. Porém, o jovem não queria ter essa vida de patrão, resolvendo, então, ficar do lado dos trabalhadores. Seria esse o caminho proposto por amado envolvendo o capitalismo (com os patrões) de um lado x o socialismo (uma luta das classes trabalhadoras) de outro. 
   Como disse antes, o livro vai apresentar diversos traços de uma classe social baixa, ou melhor, trabalhadores explorados das diversas maneiras. Somos apresentados no livro, meninas com 11 anos envolvidas na prostituição, exploração, críticas ao capitalismo e ao escravismo. 
   Na edição que li, da editora Record de 1987, apresenta ilustrações de Santa Rosa. São fantásticas! combinaram com a escrita do Jorge, com traços grossos e rudes. 


   Não gostei tanto assim da leitura, confesso que fiquei irritado com algumas expressões e a linguagem extremamente simplória e seca. Super entendo que faz parte de toda uma estratégia do Jorge em retratar a vida dos trabalhadores de maneira mais real possível, porém não me agradou muito. Gostei mais da leitura do primeiro livro publicado por Jorge, "O País do Carnaval". 
    Cacau é o livro que dá um pontapé inicial para jorge escrever sobre questões que envolvem esse cultivo e as relações de trabalho nas zonas cacaueiras.
   Mas super recomendo a leitura! É um grande baque se encontrar com esses guerreiros que ajudaram a formar a cultura e economia de nosso país. 
   E vocês, o que acharam? comentem aqui! vou adoras saber da experiência de vocês com esse livro! 
   Já viram os posts do projeto aqui no blog? 

O próximo livro a ser lido do projeto é "Suor", venha ler com a gente! 
Onde comprar: https://amzn.to/2GC6yT1

Foto da leitura dos participantes do projeto! Sigam eles no insta! 






sábado, 10 de março de 2018

Resenha: O País do Carnaval - Jorge Amado #lendojorgeamadoliterall

  Boa noite, galera! Como estão? Quem está acompanhando nosso projeto daqui do blog de ler todos os livros do Jorge Amado em ordem cronológica? Pois bem, hoje trago a primeira resenha do projeto, vamos conversar um pouco sobre o primeiro livro lançado e reconhecido do Jorge Amado, O país do Carnaval. 

  Lançado em 1930, quando Amado tinha apenas 18 anos, acompanhamos um relato da juventude brasileira, que buscava um sentido na vida, numa terra que, também, procurava se encontrar. Antes de mais nada, precisamos identificar as influências que encontraremos na obra. Temos uma influencia da Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas ao poder, rompendo com a política do Café com leite; Uma literatura que buscava as particularidades regionais nordestinas, especialmente com os escritores amigos de Jorge, como Graciliano Ramos e Rachel de Queirós; Encontramos diversos filósofos da alta literatura na boca dos personagens; por fim, um Brasil em busca do seu ideal sentido. 
   Partindo, então, para o romance, acompanhamos Paulo Rigger, Baiano recém formado em direito em Paris, que volta para o Brasil a fim de poder exercer sua profissão e encontrar sua felicidade, porém o mesmo nunca exerce a advocacia. Além de Paulo, convivemos com seus amigos, todos intelectuais em busca de sua real felicidade. 
   Acima de tudo, esse é um livro filosófico, onde cada personagem é marcado por suas desilusões e a busca incessante da auto realização, uma saída, um sentido que organize suas vidas, temos um choque de realidade com a maturidade vividos pelos personagens. 
"O romance relata seu esforço de se readaptar a um país que não consegue compreender e para conviver com o próprio desencanto. Um país que, ao contrário dele, luta para nascer. Diante das ambiguidades que definem o mundo real, os protagonistas de O país do Carnaval tomam posições diversas, todas igualmente fracassadas."  "[...] a importância do romance como retrato de uma "geração revoltada", de jovens massacrados pelo mundo que, sem vislumbrar uma saída, oscilavam entre o tédio e o desespero. "O país em que nascemos pesa sobre nós", ele resume, ciente de que a rebeldia de Jorge Amado ultrapassava as circunstâncias individuais e envolvia uma situação nacional. Não era só o efeito de um temperamento, mas o esboço de uma posição política." - José Castello (Romance de deformação).
   Basicamente, acompanhamos as aventuras desses jovens em se encontrarem, em busca da felicidade.  Para o jornalista A. Gomes, sua felicidade estava em enriquecer; Para o poeta Ricardo Braz, o casamento era a felicidade; José Lopes, talvez meu personagem preferido, a felicidade estava na filosofia e na literatura; Para Jerônimo, seu envolvimento com uma prostituta; Por fim, Pedro Ticiano, o mais experiente do grupo, a felicidade estava na abdicação da felicidade, como ele próprio diz " A ideia de felicidade bloqueia o caminho do homem."
  Além dessas questões filosóficas, o livro apresenta uma breve questão de gênero, vividas pelas personagens Julie e Ruth, não darei spoilers. 
   Esses tempos estava conversando em casa sobre essa questão de felicidade e quão relativo é. A sua felicidade pode ser completamente diferente da do outro, o que é para mim, pode não ser para você. Uns se sentem feliz viajando, outros comprando roupas, outros lendo (como eu), outros dançando, brincando com seus animais de estimação e por ai vai! E é isso do que o livro vai se tratar, é uma boa lição para nós. 
 Recomendo demais essa leitura maravilhosa do primeiro livro do Jorge Amado, que apesar de não ser perfeito, já demonstra o grande potencial do Baiano. 
   É isso, então! Espero que tenham gostado dessa leitura, pois eu me diverti. Caso tenham interesse de debater mais sobre o livro, enviem seu número para eu adicioná-lo no grupo do projeto!
   Nosso próximo livro será "Cacau" e o discutiremos ainda nesse mês, vem ler com a gente! José Castello, no posfácio de "O país do Carnaval" diz que a grande diferença entre essas duas primeiras publicações de Amado é que os fatos serão mais importantes do que as ideias, abandonando uma literatura do pensamento e entrando em uma literatura da vida. 
Compre esses livros clicando nesses links logo abaixo, assim vocês estarão ajudando na manutenção do meu cantinho:
* O país do carnaval : http://amzn.to/2oEwIdE

Aos participantes do projeto, para concorrer aos prêmios no final do ano, se você leu o primeiro livro do desafio, deixem um breve comentário com as suas impressões, aqui mesmo no blog, assim eu anotarei os que leram e farei o ranqueamento até o final do ano! Vocês terão até 24 horas do horário do post para deixarem suas impressões aqui.

Fotos dos participantes que usaram a legenda oficial #lendojorgeamadoliterall . Sigam-os no insta!


"Diante da grandiosidade da natureza, o brasileiro pensou que isso aqui fosse um circo. E virou palhaço ..." -Jorge Amado.