domingo, 10 de setembro de 2017

Resenha: O crime do professor de matemática

   Boa tarde, leitores! Não é a primeira vez que trago um conto da coletânea "Laços de Família" (1960) da Clarice Lispector para vocês, e nem será a última! rsrs...

   Hoje vamos conversar um pouquinho sobre um dos meus contos favoritos da vida, "O crime do professor de matemática". Conto esse escrito por um narrador masculino, diferentemente dos 95% dos narradores das obras de Clarice.
   Baseado em suas influências de um romance psicológico e com cenas de fluxos de consciência, Clarice consegue, de maneira intrigante, descrever sobre a condição de solidão do homem no mundo. 
   Elementos religiosos são fortemente marcados no conto, como pecado, missa e juízo final. O professor de matemática, simbolo de frieza, está a caminho de mais um dia de trabalho, mas nesse trajeto ele se depara com um cão morto debaixo de uma árvore. Neste momento identificamos uma sensibilização deste homem, que passa a se lembrar do seu crime que cometera, o abandono se seu antigo cachorro. 
   Então, tentando compensar seu crime, ele decide enterrar o cão morto, dar um final dígino ao animal. Ele enterra, mas em uma reflexão, decide desenterrar, pois aquele ato não seria equivalente ao seu crime, acabando por deixar se esquecer do que fizera. 
   Seu antigo cachorro queria que seu dono fosse um humano, um homem e lhe desse carinho, mas ao contrário dos desejos do cão, o professor decidiu abandoná-lo, a fim de se livrar desse peso de ser uma pessoa que não era, ele não conseguiria proporcionar uma vida de compaixão com seu animal de estimação. 
   No desfecho, o professor não queria mais se sentir livre de seu crime, pois ele nunca seria um homem se abandonasse tão facilmente sua culpa. Entrando então, nesse conflito com seu antigo companheiro.
   É isso, então, leitores! Espero que tenham gostado dessa resenha e deem uma oportunidade a esse conto maravilhoso da Clarice <3

segunda-feira, 24 de julho de 2017

#2 Novos Rumos | Geografia USP: Concluindo o 1º semestre

   As férias já estão terminando e eu nem postei a conclusão do 1º semestre ainda para vocês, foi mal (rs). Resolvi, então, trazer meus sentimentos sobre o primeiro semestre.
   Gostei bastante do ambiente da faculdade, todos são bem receptivos e dispostos a fazer amizade. O mais bacana de tudo isso é você se encontrar! Eu não acreditava 100% naquele estereótipo de estudante de humanas, mas depois que conheci a FFLCH, passei a acreditar! E o mais interessante é saber que você de alguma maneira faz parte disso, é demais!
   Mas vamos falar sobre as matérias. Confesso que esse semestre estava tudo muito denso, parecia que todas as matérias estavam tratando do mesmo conteúdo, mesmos autores, tudo muito igual. O que me desanimava um pouco. Entendo que a maioria dos professores queriam dar uma boa base para introduzir suas disciplinas e, por isso, adotaram teorias em comum. Esse "lance" das disciplinas estarem bem densas e repetitivas melhorou com o decorrer do semestre (Graças a Deus).
   Tive 5 matérias nesse semestre, vou comentar um pouco sobre o que achei de cada uma delas. 

  1.  Introdução à cartografia: Essa foi a melhor matéria do semestre! Foi a disciplina que eu consegui aprender mais e absorver informações importantes para o mundo da geografia. Era a matéria que eu tinha mais medo do semestre, porém foi a mais gostosa! Nossa professora contribuiu muito para isso, sério, que mulher! <3 
  2. Fundamentos Econômicos, sociais e políticos da geografia: Essa matéria foi um pouco confusa pra mim, acho que eu não conseguia acompanhar direito a aula do professor, porém ele ganhou o troféu de professor mais fantástico do semestre! Ele passa uma imagem de segurança e de domínio de conteúdo que era incrível de ver. Ele não dava aula, dava palestras! Essa disciplina foi a que eu consegui a maior nota (rs).
  3. História econômica geral e do Brasil: Essa era a matéria que eu estava mais ansioso para estudar, porém foi um desastre. A professora que ministrou essa disciplina simplesmente disse que não ia dar o conteúdo correspondente, apresentando, então, a história da ciência e teorias do fim do mundo. Tipo... Oi? kkk. Embora esses infortúnios, a professora foi tão legal e era muito divertida. Por isso não fiquei com raiva dela como 95% da sala ficou.
  4. Fundamentos naturais da Geografia: Essa matéria é uma espécie de "introdução à geografia física", porém aprendi muito mais sobre veganismo/ budismo / como viver sem tecnologia. O professor era bem engraçado de uma maneira natural. Queria ter aprendido, de fato, os fundamentos naturais, mas valeu a experiência. 
  5. História do pensamento Geográfico: Essa ultima matéria foi, de longe, a mais difícil do semestre! Não gostei nenhum pouco da maneira como foi abordada e não curti o conteúdo também. O único ponto positivo, pra mim, foi o amplo contato com diversos geógrafos através da história, o professor conseguiu fazer isso muito bem.
   Em suma, leitores, foi isso. Gostei bastante desse semestre, obtive umas notas razoáveis e consegui absorver bastantes conteúdos que serão fundamentais nesse caminho em busca de ser um geógrafo!
Al - Idrisi (1110 - 1166)

sábado, 22 de julho de 2017

Resenha: "Oito" - Décio Gomes

   Sabe aquele escritor que você sempre teve vontade de ler mais nuca teve a oportunidade? E quando surge a chance você não a deixa escapar? Foi isso que aconteceu para eu ter minha primeira experiência de ler um livro do escritor pernambucano Décio Gomes. Hoje vou resenhar seu livro de contos "Oito".
   Essa coleção escolhida pelo Décio contém oito contos, sendo eles de vários estilos: romance, terror, suspense, drama e até ficção científica! A intenção do escritor é fazer com que os leitores apreciem e encontrem oito sentimentos diferentes na leitura, e para ser sincero, ele conseguiu!
   Com uma escrita inteligente, personagens palpáveis e belas construções de cenários, o jovem escritor consegue nos transportar para oito mundos diferentes, fazendo com que nossa experiência de leitura seja completamente cinematográfica! Conseguimos viajar entre as estórias e viver os dramas dos personagens. Acompanhar o desenvolvimento das narrativas me mostrou que Décio tem uma habilidade com a escrita que poucos possuem. 
   Mas vamos falar um pouco sobre cada conto. Como o próprio título diz, existem 8 contos nessa coletânea, que são: 
1 - Marco, Polo - Esse conto dramático traz uma abordagem focado no tema animal, na breve explicação que antecede o conto, Décio diz que esse conto foi feito exclusivamente para a antologia "Os animais também vão para o céu" da editora Sinna. 
Um conto inteligente, chocante e marcante definem essa maravilha! O desenrolar da trama foi sensacional e conseguiu me cativar de uma maneira inexplicável! Esse foi o meu 3º conto favorito.
2 - O colecionador de máscaras - Esse conto de Mistério/terror, possui uma temática de serial killer. Ambientado numa cidadezinha que esta preparada para a festa do dia das Bruxas, um visitante vai a um museu da cidade a procura de uma máscara, a máscara morta. Depois de encontrá-la, o circo começa a pegar fogo!
Gostei bastante da experiência lendo esse conto, o final da história foi bem inesperado por mim, o que me fez gostar ainda mais dele.
3 - O mural das décadas - Esse pequeno conto de romance é delicado, porém intenso e misterioso. Na explicação, Décio diz que é uma interpretação da canção "Vermelho" de Marcelo Camelo.
Tive um pouco de dificuldade com esse conto, acho que eu não o li no momento certo. Embora esses infortúnios, gostei da maneira como Décio desenvolveu a história dos personagens e seus sentimentos. 
4 - Rio Morto- Nesse quarto conto, encontramos mais mistério e terror, com uma temática de vampiros ambientada no sertão de Pernambuco. Esse conto é uma releitura modernizada do grande clássico de Bran Stoker, Drácula. Nesse conto acompanhamos o vendedor Iago, que está prestes a fazer um grande negócio com o senhor Simão, um cara um tanto quanto estranho. Tudo corre bem, até Simão não permitir que Iago volte para casa na escuridão da noite, forçando-o a pernoitar em seu palacete. Sério galera, esse conto é de arrepiar!
Um conto sensacional! Já esperava algo do tipo que aconteceu no desenrolar da narração, mas Décio conseguiu colocar tanta ação em sua escrita que eu não consegui parar de ler até que o conto terminasse!
5 - A morada da memória- Voltamos a ter um conto de romance/drama com uma temática de amor. Acompanhamos a melancólica história dos dois velhinhos Nhonhô e Maria do Céu. Um conto lindo! Que tratará de um dos momentos mais tristes da vida, a despedida. 
Um conto lindo e fofo. Esses personagens são aqueles que ficam na nossa mente por tempos!
6 - Estrada 401- Décio na explicação do conto disse que esse era o seu escrito mais antigo e devido a sua imaturidade quando escreveu, esse conto quase ficou de fora dessa coletânea. Graças aos céus que ele deixou essa maravilha nesse livro, pois foi o meu conto favorito!
Com uma temática de suspense/Thriller, acompanhamos a aventura de nosso jovem Marco, que estava com seu carro quebrado na estrada 401. Estrada essa deserta e um tanto quanto perigosa. Marco estava indo visitar sua avó, e precisava passar por essa estrada, porém seu carro quebrou e ele ficou sozinho. Depois de muita espera, ele consegue uma ajuda de um policial que o leva a uma pousada da estrada e, a partir dai, é só tiro porrada e bomba! 
Com um desenrolar assustador e nojento, esse conto mexeu real comigo. Ele é um dos meus contos favoritos da vida!  
7 - As almas dos enforcados- Esse é um conto que tem um personagem conhecido pelos leitores dos livro de Décio, é um conto do padre Jullian Bergano. Acompanhamos nesse conto uma visita do padre a uma capela em construção no bairro da liberdade em São Paulo. O padre exorcista busca entender e resolver o que está assombrando todo o bairro e o padre da comunidade Almeida. 
É um conto de Terror com temática ligeiramente religiosa. Ele me cativou de uma tal maneira que me fez ter muita vontade de conhecer a série desse padre escrita pelo Décio, que chama "In Nomine Patris".  As almas dos enforcados foi meu 2º conto favorito dessa coletânea!
Esse conto também está presenta na antologia "Arquivos do mal" publicada pela editora coerência.

8 - Eterna- Esse ultimo conto de romance e ficção científica, faz uma brincadeira com a gente "Para sempre é longe demais..." nem tudo é eterno. Consigo então pensar que Décio escolheu esse conto para concluir seu livro para refletirmos isso. 
Nesse conto acompanhamos uma jovem que está desesperada atrás de seu antigo "professor" a respeito de respostas sobre ela e sua existência. 
É um conto chocante e, até certo ponto, triste. Podemos analisarmos de vários pontos distintos. Recomendo.
   É isso, leitores! Espero que tenham gostado dessa resenha e tenham se interessado por esse livro incrível do talentoso escritor Décio Gomes. Com certeza eu vou ler mais obras dele. Seus livros já estão na minha Wishlist. 
   O livro como um todo está lindo! Não só pelos contos, mas pela edição também. Capa maravilhosa, e ilustrações de cada conto. Sério vale muito a pena. 
   Adquirem seu exemplar direto com o autor: compre aqui. Ebook: link da amazon
    Página oficial do escritor: Décio Gomes

terça-feira, 18 de julho de 2017

[Resenha/Análise] A arte de ser feliz - Cecília Meireles

   OIOI, quanto tempo... não?! Como prometido (porém com um super atraso) hoje trago uma pequena análise do poema "A arte de ser feliz" de nossa querida Cecília Meireles. Não é a primeira vez que conversamos sobre Cecília aqui nesse blog, já batemos um papo sobre a incrível obra "O Romanceiro da Inconfidência" (clique aqui para ler a resenha). E não é a primeira vez que trago uma análise de um poema para vocês. Na primeira ocasião, estudamos o "Poema de sete faces" do Drummond (resenha aqui). Diferentemente da primeira análise, hoje trago apenas uma conversa, um papo sobre o poema de Cecília, nada muito concreto e criterioso como da primeira oportunidade. Então, vamos lá! 

                                                    ***

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
                                                ***
   Como disse, não vou fazer uma análise embasada em teorias literárias nem nada do tipo. Vamos apenas bater um papo sobre questões importantes que são notadas nesse lindo poema. 
   Primeiro notamos a presença do efêmero que movimenta o poema, em vários momentos, Cecília nos apresenta passagens de tempos que nos permitem enxergar de maneira cinematográfica o que ela esta querendo dizer em seus versos, como um senhor que salvava, em um gesto delicado, um jardim quase seco próximo da janela do eu-lírico. Apenas esse gesto de generosidade fez com que o narrador se transbordasse em felicidade. 
   Numa tentativa de visualizar o mundo, outras situações são esboçadas, com simples ações como crianças indo para a escola, pardais pulando, borboletas voando , um galo cantando entre outros. Todos estão cumprindo seu destino, vivendo e cumprindo. 
   Uma problemática é apresentada: Essas felicidades certas estão diante da janela apenas do narrador? Então ele deixa subtendido que nós precisamos aprender a olhar e enxergar nos pequenos gestos, ações, o sentimento de felicidade, a vida que passa e deixamos ela fugir. 
   Precisamos parar de sermos guiados pela negatividade e começar a viver, enxergar o melhor das pessoas, de tudo. Quantas vezes simplesmente fechamos nossas janelas para impedir a felicidade do outro (quando não a nossa mesma). Precisamos abrir nossas janelas e deixar que a luz entre, e assim buscar nossa felicidade, nosso destino. 
   É isso então, leitores! Hoje foi só uma pequena reflexão sobre esse poema supimpa de Cecilia Meireles. Acho que é o meu favorito da vida! 
   E vocês, gostam de poemas? Comentem aqui, vou adorar saber seus poetas prediletos. <3


                                          ***
Deêm uma olhada nesse poema recitado no canal da Tatiana Feltrin <3 Sensacional!

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Projeto [Aulas] de leitura!

   Boa noite, leitores! Trago boas novas, comecei a dar aula no cursinho popular do DCE - USP!!!
   Estou ministrando aulas de leitura de quarta feira (mas não todas). Essas aulas são uma mistura de aulas de interpretação de texto e literatura, e um dos principais objetivos dessa aula é fazer com que os alunos construam um repertório e levem essa cultura para o vestibular, relacionando conceitos e obras trabalhadas em suas redações, como sabemos estabelecer essas relações na redação acarreta muitos pontos! Outro intuito dessas aulas é estimular o hábito da leitura nos alunos, muitas vezes não temos vontade e até criamos um receio de ler um Machado de Assis, por ser um clássico e famoso, em razão disso esboçamos uma imagem de que a leitura dessas obras será uma batalha ou até mesmo um lixo. Nossa proposta é tentar desconstruir esses preconceitos e mostrar como eles podem se inserir nesse maravilhoso mundo que é a literatura, através de obras  (grande parte) de autores renomados.  
   Como funcionam as aulas?  Eu e a outra professora que divide essa matéria comigo, Carol, montamos um cronograma com vários eixos temáticos e, assim, escolhemos quais autores/ obras vamos trabalhar naquela aula. Assim, os alunos vão com as obras lidas no dia da aula para realizarmos um debate. Nós, professores, apresentamos uma breve contextualizada da obra e do autor para os alunos como: contexto histórico, corrente literária, biografia, principais características e como abordar aquele escritor no vestibular. 
   A partir dessas aulas, achei interessante aplicar esse projeto aqui no blog, assim como nas aulas, todos os dias que houverem as aulas no cursinho, eu postarei uma resenha das obras aqui para vocês! o que acham? Seria bem bacana a gente discutir essas leituras! 
   O cronograma das leituras ficaram assim: 

*28/06: Apresentação do projeto + Leituras em sala:
- “Poema de Sete faces” Carlos Drummond de Andrade(resenha aqui)
- “A arte de ser feliz” Cecilia Meireles

*09/08: Clássicos para amar. Leituras:
-"Um Apólogo" Machado de Assis
- “O crime do professor de matemática” Clarice Lispector
- "O cobrador" Rubem Fonseca

*30/08: Especial UNICAMP. Leituras:
- "O espelho” Machado de Assis
-"Negrinha" Monteiro Lobato
- “Amor” Clarice Lispector

*06/09: Nossas Mulheres (I)
-"O desastre de Sofia" Clarice Lispector
- "Então, Adeus!" Lygia Fagundes Telles.
-"Eu sei, mas não devia" Mariana Colasanti (Crônica).

*20/09: Nossas Mulheres (II)
-"Feliz aniversário" Clarice Lispector (resenha aqui)
-"venha ver o por do sol" Lygia Fagundes Telles
- "A Obscena Senhora D" Hilda Hilst

*27/09: Lusos
- “O conto da ilha desconhecida” José Saramago
- “Todas as cartas de amor” Fernando Pessoa (Poema)

*11/10: Poemas para o Enem para gostar
- “Profundamente” Manuel Bandeira
- “Momento num café” Manuel Bandeira
- “O aparador” Ana Martins Marques
-“Operário no mar” Drummond
-“Menino chorando na noite” Drummond
- “O Flautista Misterioso e os Ratos de Hamelin” Braulio Tavares (resenha aqui)

*01/11: Mês do Horror
-“O Gato Preto” Edgar Allan Poe
-"1922" Stephen king
- “O vilarejo” Raphael Montes

*29/11: Contemporâneos ou quase
- "conto dos três irmãos" JK Rowling
- “Mestre Gil de Ham” J.R.R. Tolkien

Biblioteca Científica de Oberlausitzische, Gorlitz, Alemanha

  Para algumas obras, já tenho a resenha aqui, então vou deixar o link para vocês darem uma olhadinha! 
   A respeito do poema da cecília que sou abordado em aula essa semana, a resenha / análise sairá nesse domingo (02/07).
   É isso então, pessoal! Espero que tenham gostado dessas notícias. Se algum aluno estiver lendo esse post, fiquem sabendo que estou amando a experiência, vocês são demais! 
   Fica o convite para os alunos do cursinho, que quiserem, escreverem uma análise dos textos para eu postar aqui, é só entrar em contato comigo!
   Deixem um comentário, ajudará bastante esse projeto =) 

terça-feira, 30 de maio de 2017

"Mini" resenha do conto "Desvaneios de Luíza em terras sem lençóis " + pré-venda

   Olá, leitores! Hoje vou postar a sinopse do meu conto, espero que gostem!

                                                  ***

   Em um cenário futurístico, duas sociedades se veem obrigadas a disputarem uma competição pela única forma de água intermitente, o Rio Rene. Com o passar das eras, nós humanos perdemos o controle sobre a natureza, sobre os movimentos climáticos, e o resultado disso foi a dizimação da maior parte da vida. Buscando uma forma de manter a raça viva, os cidadãos de Torrence e Soli recebem um humano do passado para sediar os jogos das duas sociedades. Em troca disso, o terráqueo vê a situação do futuro para tentar mudar o passado, é uma maneira de reflexão.
   Depois de uma tremenda discussão com sua mãe, Luíza é a escolhida do ano para ministrar os jogos da sociedade futurística em crise.
   Mas será que Luíza é apenas mais uma simples humana a coordenar os jogos anuais ?  Ou será que tudo isso não se passa de uma alucinação.
   Embarque nessa aventura com Luíza e desvende os mistérios que a levaram nessa enrascada. Um conto com críticas sociais que podem ser entendidas através de várias visões. Uma adolescente revoltada, conflitos familiares, um futuro sem água, guerra entre sociedades, e desdobramentos de uma narração um tanto que peculiar.
   


***
   Estou recebendo a encomenda dos livros  até sexta (02/06) se alguém se interessar, o livro custará  R$20,00. Quem quiser encomendar um exemplar, pode reservar comigo, assim eu entregarei o livro com um dedicatória. Vocês podem fazer um depósito/ transferência  para minha conta ou me entregar o dinheiro pessoalmente. 
   É só entrar em contato comigo pelas redes sociais que vou deixar aqui em baixo que eu passo mais informações para adquirir um exemplar.
   É isso pessoal, o meu primeiro lançamento está chegando!


***

*Redes sociais:






domingo, 14 de maio de 2017

Eu vou publicar um conto!

   Eai, leitores!!! É com grande prazer e felicidade que venho dar essa notícia a vocês, VOU LANÇAR MEU PRIMEIRO CONTO! 
   Sempre tive esse sonho de ser escritor, e de ter a oportunidade de lançar um escrito meu, eis que  a oportunidade surgiu e foi no momento certo!
   No final do ano passado, a editora Porto de Lenha publicou um edital para escritores participarem de uma seleção para uma antologia de contos fantásticos. Li todo o edital, dei uma olhada nos meus rabiscos engavetados e pensei, embora não seja meu estilo, por que não dar uma chance a esse gênero ? É certo que eu amo ler fantasias, mas escrever não era comigo... eu apenas havia escrito 2 contos. Analisei a proposta e resolvi, "não tenho nada a perder, não é?!"
   Vasculhei meus contos engavetados, achei um interessante para a proposta, reescrevi, mudei alguns pontos que não faziam sentidos, dei a vida para uns personagens esquecidos e tentei a sorte com a editora.
   Não esperava ser selecionado para a antologia, não mesmo! Pois não se trata de um conto pela qual eu tive facilidade em narrar, não tinha familiaridade com a escrita do gênero (fantasia), tive bastante obstáculos com o eu-lírico, dificuldade mesmo, pois quem vai apresentar a história para vocês é uma garota! Garota essa como a maioria das adolescentes que vivem aquela chata fase da vida de discutir com os pais e desobedecê-los. Luíza, como muitas, testa a paciência de seus pais e toma ações desmedidas, ações que a levam numa tremenda enrascada paranormal.
   Vou deixar a resenha do meu conto para o próximo post ok ? Hoje é apenas um anúncio e contar toda essa história até a publicação.
   Embora eu tivesse passado por muitas dificuldades com esse conto, tanto na parte escrita como na criativa, consegui ser selecionado! Foi uma das minhas maiores felicidades da minha vida. Contrato vem, correções vão, biografia feita, e o lançamento está próximo! Mas agora vou falar um pouco sobre a antologia.
   Meu conto estará inserido na Antologia "Amavios e Obscuridade" da editora Fontes de Papel. A antologia conta com contos de oito autores espalhados por todo o Brasil. Todos os contos tem essa temática de fantasia e alguns de terror.
   Meu conto se chama "Desvaneios de Luíza em Terras sem Lençóis" tive a honra de concluir a antologia, responsabilidade e tanta! Só espero que, do fundo do meu coração, vocês curtam meu primeiro conto, meu primeiro contato com vocês. Que não é meu escrito favorito, mas é o meu mais especial, meu primeiro lançamento!
   É isso, galera! Por hoje é só. Estou muito feliz de trazer essa notícia para vocês. No próximo post vou fazer uma resenha completa (com spoilers) do meu conto. Explicando todos os pontos que achei relevante escrever, todas as críticas sociais que estarão inseridas nesse conto.
   Meu livro já está disponível para a compra!! <3


   Espero que tenham gostado dessa notícia e, logo menos, trago mais novidades!

sábado, 6 de maio de 2017

#1 [TAG] Livro único

      OIOI! Hoje eu resolvi trazer uma TAG bacana aqui para vocês. Essa tag foi criada pelo Geek Freek (vou deixar o vídeo dele no final do post). 
    Muitas pessoas estão cansadas de ler séries gigantes, trilogias e afins. Todos nós gostamos de livros únicos não é mesmo? Então vamos lá.

1) Um livro único que te deixou querendo mais, ou desejando uma continuação.
- Caminhos cruzados (Érico Veríssimo) 

Esse livro foi responsável por uma das mais incríveis experiências do ano passado. Assim, não é que eu veja uma necessidade de uma continuação desse livro, mas ele é tão gostoso de ser lido que eu acho que poderia ter mais páginas para nós acompanharmos as relações sociais que esse livro nos oferece.


2) Um livro único que conseguiu cumprir a sua proposta. Um livro foi o suficiente.
- A Revolução dos bichos (George Orwell)

A maneira como esse clássico é desenvolvida, todo o enredo, construção dos personagens, picos dramáticos e todo o resto, fez com que o desfecho não deixasse pontos mal resolvidos. É uma obra excelente e recomendo a todos!




3) Um livro único com personagens únicos.
 - Ciranda de Pedra - Lygia Fagundes Telles

Embora muitos leitores ou noveleiros (porque essa obra foi inspirada na novela com o mesmo nome pela rede globo em 1981), eu achei os personagens extremamente marcantes, fortes e com personalidades interessantes de serem analisadas. Lygia fez um trabalho e tanto nessa obra. 



4) Um livro único com cara de trilogia ou série, de tão completo.
- Mestre Gil de Ham ( J.R.R.Tolkien)

Trata-se de oma obra extremamente pequena e ao mesmo tempo rica de Tolkien. Tem um famoso ditado que se encaixa para esse livro: "Tamanho não é documento". Tolkien cria uma sociedade totalmente fantástica, que deixa qualquer leitor fascinado. Existem ganchos também que, se o autor quisesse, ele poderia criar uma série a partir desse dessa belezinha. Uma estrutura ele já tinha haha.


5) Um livro único que você leu super rápido, não largou enquanto não terminou de ler.
- Capitães da Areia (Jorge Amado)

Gente, que livro gostoso de ler! É tocante, triste e flui muito rápido. Quando você está lendo, Jorge Amado consegue inserir nós, leitores, dentro da história. Passamos a viver as experiências no trapiche com os capitães.




6) Um livro único de um de seus/suas autores(as) favoritos(as).
 - Misery - Stephen King

Apenas leiam, sério! Stephen King é formidável!







7) Um livro único que você recomendaria a todos. 
- Objetos cortantes - gillian flynn

Meu Deus que livro bom! Gillian constrói muito bem a narrativa e as histórias secundárias para chegar num final totalmente inesperado! Recomento muito esse livro. (embora seja um pouco pesado para algumas idades).


8) Um livro único que te fez chorar.
 - Meu pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos)
Não lembro se chorei, mas é um livro muuito triste e tocante. Foi o primeiro livro que li, e foi a melhor experiência possível. Recomendo a todos esse também. Mas se preparem para fortes emoções. 
"Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu." - Meu pé de Laranja Lima.



9) Um livro único fora da sua zona de conforto. 
- As Vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky)

Além de ser um romance, esse livro aborda diversas questões que eu não sou acostumado a ler e acompanhar, mas foi uma leitura extraordinária. Gostei bastante.





10) Quem você tagueia?
Vou propor esse desfio à Talita do Cutucando a História (Instagram aqui).

                                                                     ***


  É isso galera, espero que tenham gostado das dicas de hoje!
Comentem aqui se já leram algum desses livros. E podem me responder nos comentários, vou adorar ver as escolhas de vocês!



domingo, 2 de abril de 2017

#5 Resenha: Chiclete pra Guardar pra Depois + Entrevista com a autora Andreia Evaristo

   Eai, galera! Hoje vamos conversar um pouco sobre um livro incrível da escritora Andreia Evaristo que é "Chiclete pra Guardar pra Depois".  
   Andreia é uma jovem escritora catarinense e professora de Língua portuguesa e literatura e língua inglesa. É cronista do jornal A Notícia e coordenadora de um projeto de escrita criativa de Joinville (SC). Eu poderia falar mais sobre ela aqui, mas a melhor maneira de conhecer Andreia foi lendo seu divertido livro, que contém 37 cônicas interessantes e profundas.



   Antes de começar a resenhar o livro, preciso dizer que eu quase não pude lê-lo antes. Num dia esperando o ônibus chegar para eu vir para São Paulo, minha avó aguardava comigo na rodoviária, até que por um segundo eu a vejo lendo meu exemplar do livro da Andreia, o mais interessante era ela dizendo "Você já leu? É muito divertido!"  e rindo. Queria deixar ela ler, mas eu precisava fazer isso antes dela, então prometi que assim quando eu a visitar de novo, eu levarei o livro para ela. 
   Não é que foi verdade o argumento de minha avó?! Comecei a ler o livro e a cada crônica, Andreia construía situações engraçadas e anedóticos. Ainda mais por ser situações que, nós leitores, possivelmente já passamos ou já pensamos sobre. Como por exemplo: Questões sobre a forma física, vícios, amores, fobias, relações familiares etc.
   Mas sobre o livro, ele conta com 37 crônicas, crônicas essas que possuem um alto teor de simplicidade um fundo de crítica social que podem ser subtendidas ou são extremamente diretas na escrita de Andreia. 
  Somos deparados no livro todo com uma problemática relacionada as questões do existencialismo e do madurecimento pessoal. Muitas dessas crônicas com esses temas nos fazem parar a leitura e entrar em uma profunda auto reflexão. O que é importante.    Temos também crônicas relacionadas a relações familiares, sentimentos exteriores, questões financeiras e sociais.    É um livro repleto de vivências do cotidiano, é uma boa para quem é um amante de crônicas e contos como eu. Senti uma qualidade literária tremenda na escrita de Andreia, é incrível a forma como ela tem afinidade com as palavras. Lembrou-me muito a experiência que eu tive lendo os textos do meu escritor favorito Antônio blog Juro que é o ultimo.
   Quero parabenizar a Editora Areia pelo exímio trabalho feito na edição desse livro, uma bela produção. O livro conta com ilustrações divertidas que transformam o livro numa leve brincadeira.
   As crônicas, como já disse, são fortes e tocantes, umas mais que as outras, algumas com alta crítica social e outras que relatam até momentos trágicos. Crônicas tristes e chocantes, mas que não perdem seu lado doce como um chiclete. Chiclete esse que Andreia discutia em suas crônicas ou deixava para nós, leitores, esboçar uma opinião, deixando o chiclete pra depois. (Fazendo uma brincadeira com o título do livro).
   Uma das partes que eu mais gostava eram as crônicas relacionadas ao ambiente de trabalho de nossa Andreia, que é a escola. Somos deparados com situações engraçadas do dia a dia de um professor, e momentos difíceis também. 
   Como a área da educação me interessa muito também, resolvi propor uma entrevista com a Andreia relacionada com a educação e seus afins. Então bora lá!
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1. Por ser um livro de crônicas você precisa, não necessariamente, estar atenta a tudo. Na maioria das suas crônicas, existe um ponto de virada, uma quebra da realidade que faz com que a crônica leve outro rumo. Em relação aos acontecimentos cotidianos, como você fazia para anotar os imprevistos do dia a dia? Você costuma andar com um caderninho anotando o que está acontecendo?

 R: Desde que comecei a blogar (e lá se vai mais de uma década desde o primeiro blog), eu carrego bloquinhos e caneta ou lápis na bolsa o tempo todo. Inspiração para escrever está em todos os lugares – e não dá para confiar na memória. A gente sempre acha que vai se lembrar depois, mas – acredite em mim – não vai. A memória nos trai (e quanto mais velha eu fico, mais isso me parece verdadeiro).
Conheço pessoas que anotam no bloco de notas do celular, por ser mais prático, por ser um aparelho que está com a gente o tempo todo. Comigo, não funciona. Por mais viciada que eu seja em tecnologia (culpada!), esse tipo de coisa precisa ser escrita no papel. Tenho duas ou três ideias anotadas no bloco de notas do celular que eu nunca – nunca mesmo – me lembro de usar. Estão lá, perdidas no limbo. Talvez hoje eu as passe pro bloquinho de papel. Quem sabe assim elas não viram textos?

2. Como você estimula seus alunos a lerem? Alguma vez recomendou seus livros?
R: Hoje eu faço parte da direção da minha escola, então o funcionamento é um pouco diferente. Mas vou falar da minha prática quando eu ainda estava em sala.
Com os alunos do Fundamental, eu tirava uma das aulas da semana (eram quatro ao todo) unicamente para leitura. Acompanhava os alunos à biblioteca, ajudava (quem queria ajuda) na seleção dos livros, deixava os alunos livres para ler e lia junto (leitura silenciosa). Dá um baita trabalho no começo, porque os alunos entendem que é uma aula livre e querem conversar ou mexer no celular. Mas, com um pouco de paciência, um pouco de bronca e um grande exemplo, eles acabavam entrando no jogo e tomavam gosto pela coisa. A escolha do livro era sempre livre: lia-se o que quisesse, de HQs a clássicos.
Já no Ensino Médio, como são apenas três aulas por semana, é mais complicado dispor de uma das aulas exclusivamente para leitura. Assim, o que eu fazia era combinar com os alunos uma leitura obrigatória por bimestre. A ideia era mesclar os grandes clássicos da literatura em Língua Portuguesa com livros best-sellers contemporâneos. Assim, meus alunos liam, por exemplo, O Cortiço, mas também liam Divergente. Se o professor souber trabalhar a questão das facções, elas se enquadram perfeitamente com o determinismo trazido pelo período do Realismo na obra de Aluísio Azevedo.
Hoje em dia, já com meus livros publicados (apenas o Chiclete pra guardar pra depois está em formato físico, mas tenho outros em ebooks), muitas vezes, quando falta professor e a turma concorda, eu me disponho a ler minhas obras em sala de aula. O retorno é imediato! Vejo que, em minha escola, há um crescimento no número de alunos que se interessam por ler e escrever literatura. Acho ótimo.

3. “Chiclete pra guardar pra depois” reúne várias crônicas que se passam no seu ambiente de trabalho, a escola, como você lida com situações inusitadas nesse ambiente? Como por exemplo conflitos ou situações engraçadas.
R: Como professora, sempre estive atenta a tudo o que se passava com meus alunos. Sou do tipo que faz parte da galera, sabe? Talvez justamente por isso, os alunos nunca hesitaram em me contar as situações pelas quais passavam, fossem elas boas ou ruins. Sempre que eu posso ajudar, eu o faço. Infelizmente, há situações que fogem do nosso controle.
Contudo, algumas vezes, me apropriei de situações dramáticas vividas pelos alunos para adaptar em contos ou crônicas. É nessas horas que vejo o quanto a arte pode ter o poder de terapia, de curar: a reação dos alunos quando se sentem representados nos textos é impagável. Não consigo nem descrever.

4. Por ser uma escritora e professora de língua portuguesa, você consegue identificar potencial de escrita em seus alunos? Se sim, o que faz para estimular e até desenvolver um escritor? 
R: Sim, o tempo todo. Toda semana, algum aluno me procura para me mostrar algum escrito, um poema, um trecho de um conto, algo do tipo.
Nos anos anteriores, eu cheguei a criar uma oficina de escrita literária na minha escola, para receber os alunos interessados não apenas da minha unidade escolar, mas da comunidade em geral. A oficina durou dois anos. Esse ano (2017), infelizmente, ela precisou ser interrompida. Mas ainda tenho planos de ressuscitá-la, num futuro não muito distante.

5. Em muitos casos brasileiros, estudantes do ensino fundamental são “desmotivados” a ler devido à grande cobrança de seus professores a lerem obras complexas e inadequadas aos seus alunos, qual é a melhor maneira de reverter esse quadro? Você acha que cada pessoa tem seu tempo para entrar nesse mundo maravilhoso que é da leitura, literatura?
Eu acho que a escola peca em empurrar goela abaixo obras para as quais os alunos não estão preparados, sem provocar curiosidade antes. Os alunos do Ensino Médio, por exemplo, dão conta de ler os clássicos. Mas eles precisam ser instigados a isso. Precisam de uma motivação extra, uma pulguinha de curiosidade. Se o professor souber fazer isso, eles dão conta muito bem.
No fundamental, a coisa precisa ser mais leve. Biblioteca nunca deveria ser espaço de castigo. NUNCA! Leitura é prazer, é degustação, não pode ser usada para ferir. Eu acredito que cada pessoa tem sua história com a leitura. Acredito que o professor precisa parar um pouco de achar que apenas alta literatura é valiosa. Um aluno que leia 600 páginas de livros mais técnicos ou filosóficos é menos leitor que aquele que lê 600 páginas de clássicos? Não na minha opinião.
Uma das maneiras de reverter o quadro triste da não-leitura no Brasil é começar a perguntar para os alunos o que eles querem ler. Outra é o professor ser exemplo: professor que nunca é visto lendo, nunca é visto com livro na mão, vai cobrar do aluno como? Faz o que eu digo e não faz o que eu faço? Outra forma é “glamourizar” a leitura: se os alunos virem um professor e um aluno (ou dois professores) discutindo as diferenças entre as cenas do livro e do filme, por exemplo, eles podem acabar se interessando. Tentar aproximar os conceitos clássicos de obras contemporâneas é outra forma interessante.
Enfim, existem muitas estratégias. Basta um pouco de força de vontade e mente aberta por parte do professor (essa segunda é a mais difícil).

6. Sobre clássicos, atualmente tem se notado uma crítica em relação à adaptação de livros clássicos para crianças e jovens que não “conseguem” ler os clássicos em si. Qual sua opinião em relação a isso? Você acha que ler uma adaptação de Machado de Assis perde o valor da obra?
Sou contra a adaptação dos clássicos, de um modo geral. Um livro adaptado nunca terá o mesmo valor que o livro original. Além disso, sempre que facilitamos a leitura para o cidadão médio, acabamos “emburrecendo” o pensamento coletivo. Não precisamos facilitar leituras para as pessoas; precisamos, sim, instrumentalizar as pessoas para que, em pouco tempo, elas consigam dar conta de textos mais complexos.
Contudo, eu abro uma única exceção nas adaptações: histórias em quadrinhos, adaptando clássicos para instigar crianças – veja bem, crianças!, não é para facilitar a leitura do jovem que tem preguiça – é uma boa alternativa para aguçar a curiosidade dos pequenos e colocá-los em contato com grandes nomes da literatura mundial.
Vamos usar Machado de Assis, como exemplo. A cada leitura que eu faço de Dom Casmurro – e olha que já fiz várias – eu encontro novos argumentos para compreender que os ciúmes de Bentinho criaram essa ilusão de que Capitu o traiu e que, como a história é contada sob o ponto de vista do ciumento, nunca saberemos com certeza se houve ou não traição. Mas, se eu adaptar a obra, todas essas pistas e nuances podem se perder, entende? Uma obra não se torna um clássico por acaso. Há muita coisa envolvida quando se torna de marcar uma época e transpassar gerações. Adaptações acabam facilitando o pensamento das gerações futuras e negando-lhes a oportunidade de pensar complexamente.
                                              
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   É com essa singular entrevista que terminamos a resenha de hoje. 
   Eu recomendo esse incrível livro para todos os tipos de pessoas e, especialmente, para aqueles que admiram e curtem crônicas. Chiclete pra guardar para depois conseguiu me tirar de uma baita ressaca literária e me deixou com um gostinho de quero mais. Não vejo a hora de poder me aventurar nas outras obras da nossa querida catarinense. Muito obrigado por essa experiência Andreia. 
   Quem quiser comprar seu livro pode acessar seu lindo blog (clique aqui). Em seu blog, Andreia escreve dicas para novos escritores e conta um pouco mais sobre sua vida.
   É isso então, leitores. Espero que tenham gostado, e aguardem a próxima resenha do livro da Andreia que será "Allegra: Antes do play"  (já perceberam que ela só tem títulos instigantes?! haha)