domingo, 10 de setembro de 2017

Resenha: O crime do professor de matemática

   Boa tarde, leitores! Não é a primeira vez que trago um conto da coletânea "Laços de Família" (1960) da Clarice Lispector para vocês, e nem será a última! rsrs...

   Hoje vamos conversar um pouquinho sobre um dos meus contos favoritos da vida, "O crime do professor de matemática". Conto esse escrito por um narrador masculino, diferentemente dos 95% dos narradores das obras de Clarice.
   Baseado em suas influências de um romance psicológico e com cenas de fluxos de consciência, Clarice consegue, de maneira intrigante, descrever sobre a condição de solidão do homem no mundo. 
   Elementos religiosos são fortemente marcados no conto, como pecado, missa e juízo final. O professor de matemática, simbolo de frieza, está a caminho de mais um dia de trabalho, mas nesse trajeto ele se depara com um cão morto debaixo de uma árvore. Neste momento identificamos uma sensibilização deste homem, que passa a se lembrar do seu crime que cometera, o abandono se seu antigo cachorro. 
   Então, tentando compensar seu crime, ele decide enterrar o cão morto, dar um final dígino ao animal. Ele enterra, mas em uma reflexão, decide desenterrar, pois aquele ato não seria equivalente ao seu crime, acabando por deixar se esquecer do que fizera. 
   Seu antigo cachorro queria que seu dono fosse um humano, um homem e lhe desse carinho, mas ao contrário dos desejos do cão, o professor decidiu abandoná-lo, a fim de se livrar desse peso de ser uma pessoa que não era, ele não conseguiria proporcionar uma vida de compaixão com seu animal de estimação. 
   No desfecho, o professor não queria mais se sentir livre de seu crime, pois ele nunca seria um homem se abandonasse tão facilmente sua culpa. Entrando então, nesse conflito com seu antigo companheiro.
   É isso, então, leitores! Espero que tenham gostado dessa resenha e deem uma oportunidade a esse conto maravilhoso da Clarice <3

8 comentários:

  1. Curti muito a sua resenha, continue assim.

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  2. Oi, gostei do conto da Clarice mas o professor de matemàtica me gerou raiva e tristeza. é uma pena que na atualidade também existam muitos "professores de matemática"

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  3. É possível dizer que o personagem teve epifania duas vezes? A primeira ao encontrar o cão desconhecido morto na esquina e lembrar-se de seu antigo cachorro e a segunda, ao enterrar o desconhecido e poder livremente pensar no cachorro que abandonou.

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  4. Pode me dizer aonde que houve “fragmentação” nesse conto?

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  5. Eu tbm senti muita raiva do professor. Nem consegui dormir direito. Fico imaginando o sofrimento do doguineo. Eu adotei três doguineos abandonados. Só tenho. Foram muitos aprendizados com eles. Prefiro adota-los do que adotar humanos.🙂

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  6. Eu li esse conto recentemente,senti uma mistura de raiva e compaixão.

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