segunda-feira, 24 de julho de 2017

#2 Novos Rumos | Geografia USP: Concluindo o 1º semestre

   As férias já estão terminando e eu nem postei a conclusão do 1º semestre ainda para vocês, foi mal (rs). Resolvi, então, trazer meus sentimentos sobre o primeiro semestre.
   Gostei bastante do ambiente da faculdade, todos são bem receptivos e dispostos a fazer amizade. O mais bacana de tudo isso é você se encontrar! Eu não acreditava 100% naquele estereótipo de estudante de humanas, mas depois que conheci a FFLCH, passei a acreditar! E o mais interessante é saber que você de alguma maneira faz parte disso, é demais!
   Mas vamos falar sobre as matérias. Confesso que esse semestre estava tudo muito denso, parecia que todas as matérias estavam tratando do mesmo conteúdo, mesmos autores, tudo muito igual. O que me desanimava um pouco. Entendo que a maioria dos professores queriam dar uma boa base para introduzir suas disciplinas e, por isso, adotaram teorias em comum. Esse "lance" das disciplinas estarem bem densas e repetitivas melhorou com o decorrer do semestre (Graças a Deus).
   Tive 5 matérias nesse semestre, vou comentar um pouco sobre o que achei de cada uma delas. 

  1.  Introdução à cartografia: Essa foi a melhor matéria do semestre! Foi a disciplina que eu consegui aprender mais e absorver informações importantes para o mundo da geografia. Era a matéria que eu tinha mais medo do semestre, porém foi a mais gostosa! Nossa professora contribuiu muito para isso, sério, que mulher! <3 
  2. Fundamentos Econômicos, sociais e políticos da geografia: Essa matéria foi um pouco confusa pra mim, acho que eu não conseguia acompanhar direito a aula do professor, porém ele ganhou o troféu de professor mais fantástico do semestre! Ele passa uma imagem de segurança e de domínio de conteúdo que era incrível de ver. Ele não dava aula, dava palestras! Essa disciplina foi a que eu consegui a maior nota (rs).
  3. História econômica geral e do Brasil: Essa era a matéria que eu estava mais ansioso para estudar, porém foi um desastre. A professora que ministrou essa disciplina simplesmente disse que não ia dar o conteúdo correspondente, apresentando, então, a história da ciência e teorias do fim do mundo. Tipo... Oi? kkk. Embora esses infortúnios, a professora foi tão legal e era muito divertida. Por isso não fiquei com raiva dela como 95% da sala ficou.
  4. Fundamentos naturais da Geografia: Essa matéria é uma espécie de "introdução à geografia física", porém aprendi muito mais sobre veganismo/ budismo / como viver sem tecnologia. O professor era bem engraçado de uma maneira natural. Queria ter aprendido, de fato, os fundamentos naturais, mas valeu a experiência. 
  5. História do pensamento Geográfico: Essa ultima matéria foi, de longe, a mais difícil do semestre! Não gostei nenhum pouco da maneira como foi abordada e não curti o conteúdo também. O único ponto positivo, pra mim, foi o amplo contato com diversos geógrafos através da história, o professor conseguiu fazer isso muito bem.
   Em suma, leitores, foi isso. Gostei bastante desse semestre, obtive umas notas razoáveis e consegui absorver bastantes conteúdos que serão fundamentais nesse caminho em busca de ser um geógrafo!
Al - Idrisi (1110 - 1166)

sábado, 22 de julho de 2017

Resenha: "Oito" - Décio Gomes

   Sabe aquele escritor que você sempre teve vontade de ler mais nuca teve a oportunidade? E quando surge a chance você não a deixa escapar? Foi isso que aconteceu para eu ter minha primeira experiência de ler um livro do escritor pernambucano Décio Gomes. Hoje vou resenhar seu livro de contos "Oito".
   Essa coleção escolhida pelo Décio contém oito contos, sendo eles de vários estilos: romance, terror, suspense, drama e até ficção científica! A intenção do escritor é fazer com que os leitores apreciem e encontrem oito sentimentos diferentes na leitura, e para ser sincero, ele conseguiu!
   Com uma escrita inteligente, personagens palpáveis e belas construções de cenários, o jovem escritor consegue nos transportar para oito mundos diferentes, fazendo com que nossa experiência de leitura seja completamente cinematográfica! Conseguimos viajar entre as estórias e viver os dramas dos personagens. Acompanhar o desenvolvimento das narrativas me mostrou que Décio tem uma habilidade com a escrita que poucos possuem. 
   Mas vamos falar um pouco sobre cada conto. Como o próprio título diz, existem 8 contos nessa coletânea, que são: 
1 - Marco, Polo - Esse conto dramático traz uma abordagem focado no tema animal, na breve explicação que antecede o conto, Décio diz que esse conto foi feito exclusivamente para a antologia "Os animais também vão para o céu" da editora Sinna. 
Um conto inteligente, chocante e marcante definem essa maravilha! O desenrolar da trama foi sensacional e conseguiu me cativar de uma maneira inexplicável! Esse foi o meu 3º conto favorito.
2 - O colecionador de máscaras - Esse conto de Mistério/terror, possui uma temática de serial killer. Ambientado numa cidadezinha que esta preparada para a festa do dia das Bruxas, um visitante vai a um museu da cidade a procura de uma máscara, a máscara morta. Depois de encontrá-la, o circo começa a pegar fogo!
Gostei bastante da experiência lendo esse conto, o final da história foi bem inesperado por mim, o que me fez gostar ainda mais dele.
3 - O mural das décadas - Esse pequeno conto de romance é delicado, porém intenso e misterioso. Na explicação, Décio diz que é uma interpretação da canção "Vermelho" de Marcelo Camelo.
Tive um pouco de dificuldade com esse conto, acho que eu não o li no momento certo. Embora esses infortúnios, gostei da maneira como Décio desenvolveu a história dos personagens e seus sentimentos. 
4 - Rio Morto- Nesse quarto conto, encontramos mais mistério e terror, com uma temática de vampiros ambientada no sertão de Pernambuco. Esse conto é uma releitura modernizada do grande clássico de Bran Stoker, Drácula. Nesse conto acompanhamos o vendedor Iago, que está prestes a fazer um grande negócio com o senhor Simão, um cara um tanto quanto estranho. Tudo corre bem, até Simão não permitir que Iago volte para casa na escuridão da noite, forçando-o a pernoitar em seu palacete. Sério galera, esse conto é de arrepiar!
Um conto sensacional! Já esperava algo do tipo que aconteceu no desenrolar da narração, mas Décio conseguiu colocar tanta ação em sua escrita que eu não consegui parar de ler até que o conto terminasse!
5 - A morada da memória- Voltamos a ter um conto de romance/drama com uma temática de amor. Acompanhamos a melancólica história dos dois velhinhos Nhonhô e Maria do Céu. Um conto lindo! Que tratará de um dos momentos mais tristes da vida, a despedida. 
Um conto lindo e fofo. Esses personagens são aqueles que ficam na nossa mente por tempos!
6 - Estrada 401- Décio na explicação do conto disse que esse era o seu escrito mais antigo e devido a sua imaturidade quando escreveu, esse conto quase ficou de fora dessa coletânea. Graças aos céus que ele deixou essa maravilha nesse livro, pois foi o meu conto favorito!
Com uma temática de suspense/Thriller, acompanhamos a aventura de nosso jovem Marco, que estava com seu carro quebrado na estrada 401. Estrada essa deserta e um tanto quanto perigosa. Marco estava indo visitar sua avó, e precisava passar por essa estrada, porém seu carro quebrou e ele ficou sozinho. Depois de muita espera, ele consegue uma ajuda de um policial que o leva a uma pousada da estrada e, a partir dai, é só tiro porrada e bomba! 
Com um desenrolar assustador e nojento, esse conto mexeu real comigo. Ele é um dos meus contos favoritos da vida!  
7 - As almas dos enforcados- Esse é um conto que tem um personagem conhecido pelos leitores dos livro de Décio, é um conto do padre Jullian Bergano. Acompanhamos nesse conto uma visita do padre a uma capela em construção no bairro da liberdade em São Paulo. O padre exorcista busca entender e resolver o que está assombrando todo o bairro e o padre da comunidade Almeida. 
É um conto de Terror com temática ligeiramente religiosa. Ele me cativou de uma tal maneira que me fez ter muita vontade de conhecer a série desse padre escrita pelo Décio, que chama "In Nomine Patris".  As almas dos enforcados foi meu 2º conto favorito dessa coletânea!
Esse conto também está presenta na antologia "Arquivos do mal" publicada pela editora coerência.

8 - Eterna- Esse ultimo conto de romance e ficção científica, faz uma brincadeira com a gente "Para sempre é longe demais..." nem tudo é eterno. Consigo então pensar que Décio escolheu esse conto para concluir seu livro para refletirmos isso. 
Nesse conto acompanhamos uma jovem que está desesperada atrás de seu antigo "professor" a respeito de respostas sobre ela e sua existência. 
É um conto chocante e, até certo ponto, triste. Podemos analisarmos de vários pontos distintos. Recomendo.
   É isso, leitores! Espero que tenham gostado dessa resenha e tenham se interessado por esse livro incrível do talentoso escritor Décio Gomes. Com certeza eu vou ler mais obras dele. Seus livros já estão na minha Wishlist. 
   O livro como um todo está lindo! Não só pelos contos, mas pela edição também. Capa maravilhosa, e ilustrações de cada conto. Sério vale muito a pena. 
   Adquirem seu exemplar direto com o autor: compre aqui. Ebook: link da amazon
    Página oficial do escritor: Décio Gomes

terça-feira, 18 de julho de 2017

[Resenha/Análise] A arte de ser feliz - Cecília Meireles

   OIOI, quanto tempo... não?! Como prometido (porém com um super atraso) hoje trago uma pequena análise do poema "A arte de ser feliz" de nossa querida Cecília Meireles. Não é a primeira vez que conversamos sobre Cecília aqui nesse blog, já batemos um papo sobre a incrível obra "O Romanceiro da Inconfidência" (clique aqui para ler a resenha). E não é a primeira vez que trago uma análise de um poema para vocês. Na primeira ocasião, estudamos o "Poema de sete faces" do Drummond (resenha aqui). Diferentemente da primeira análise, hoje trago apenas uma conversa, um papo sobre o poema de Cecília, nada muito concreto e criterioso como da primeira oportunidade. Então, vamos lá! 

                                                    ***

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meireles
                                                ***
   Como disse, não vou fazer uma análise embasada em teorias literárias nem nada do tipo. Vamos apenas bater um papo sobre questões importantes que são notadas nesse lindo poema. 
   Primeiro notamos a presença do efêmero que movimenta o poema, em vários momentos, Cecília nos apresenta passagens de tempos que nos permitem enxergar de maneira cinematográfica o que ela esta querendo dizer em seus versos, como um senhor que salvava, em um gesto delicado, um jardim quase seco próximo da janela do eu-lírico. Apenas esse gesto de generosidade fez com que o narrador se transbordasse em felicidade. 
   Numa tentativa de visualizar o mundo, outras situações são esboçadas, com simples ações como crianças indo para a escola, pardais pulando, borboletas voando , um galo cantando entre outros. Todos estão cumprindo seu destino, vivendo e cumprindo. 
   Uma problemática é apresentada: Essas felicidades certas estão diante da janela apenas do narrador? Então ele deixa subtendido que nós precisamos aprender a olhar e enxergar nos pequenos gestos, ações, o sentimento de felicidade, a vida que passa e deixamos ela fugir. 
   Precisamos parar de sermos guiados pela negatividade e começar a viver, enxergar o melhor das pessoas, de tudo. Quantas vezes simplesmente fechamos nossas janelas para impedir a felicidade do outro (quando não a nossa mesma). Precisamos abrir nossas janelas e deixar que a luz entre, e assim buscar nossa felicidade, nosso destino. 
   É isso então, leitores! Hoje foi só uma pequena reflexão sobre esse poema supimpa de Cecilia Meireles. Acho que é o meu favorito da vida! 
   E vocês, gostam de poemas? Comentem aqui, vou adorar saber seus poetas prediletos. <3


                                          ***
Deêm uma olhada nesse poema recitado no canal da Tatiana Feltrin <3 Sensacional!