Boa tarde, leitores! Não é a primeira vez que trago um conto da coletânea "Laços de Família" (1960) da Clarice Lispector para vocês, e nem será a última! rsrs...
Hoje vamos conversar um pouquinho sobre um dos meus contos favoritos da vida, "O crime do professor de matemática". Conto esse escrito por um narrador masculino, diferentemente dos 95% dos narradores das obras de Clarice.
Baseado em suas influências de um romance psicológico e com cenas de fluxos de consciência, Clarice consegue, de maneira intrigante, descrever sobre a condição de solidão do homem no mundo.
Elementos religiosos são fortemente marcados no conto, como pecado, missa e juízo final. O professor de matemática, simbolo de frieza, está a caminho de mais um dia de trabalho, mas nesse trajeto ele se depara com um cão morto debaixo de uma árvore. Neste momento identificamos uma sensibilização deste homem, que passa a se lembrar do seu crime que cometera, o abandono se seu antigo cachorro.
Então, tentando compensar seu crime, ele decide enterrar o cão morto, dar um final dígino ao animal. Ele enterra, mas em uma reflexão, decide desenterrar, pois aquele ato não seria equivalente ao seu crime, acabando por deixar se esquecer do que fizera.
Seu antigo cachorro queria que seu dono fosse um humano, um homem e lhe desse carinho, mas ao contrário dos desejos do cão, o professor decidiu abandoná-lo, a fim de se livrar desse peso de ser uma pessoa que não era, ele não conseguiria proporcionar uma vida de compaixão com seu animal de estimação.
No desfecho, o professor não queria mais se sentir livre de seu crime, pois ele nunca seria um homem se abandonasse tão facilmente sua culpa. Entrando então, nesse conflito com seu antigo companheiro.
É isso, então, leitores! Espero que tenham gostado dessa resenha e deem uma oportunidade a esse conto maravilhoso da Clarice <3