sábado, 17 de novembro de 2018

Resenha: O cavaleiro da Esperança- Jorge Amado #lendojorgeamadoliterall

   Boa noite, pessoal! Quanto tempo, não?!
   Desculpa o sumiço, mas meu tempo está muito corrido nesse semestre, trabalho, faculdade e projetos de escrita acabaram fazendo com que nos atrasássemos um pouco com a leitura cronológica, mas estamos firmes e fortes! Logo, vamos  apresentar mais uma resenha! Chegamos então, no oitavo livro de Jorge! O Cavaleiro da Esperança!

   Essa biografia ambientada nos árduos tempos de tensão mundial, na qual a Europa se via sob conflitos da segunda guerra mundial e regimes totalitários, e o Brasil vivia sob o Estado Novo de Getúlio Vargas, Jorge Amado escreve sua obra numa espécie de afrontamento a todo aquele contexto, além de ser um pedido pela anistia de Luis Carlos Prestes.
   Jorge amado, além de tecer um grande panorama sobre o contexto político e social do país na época, denunciando instituições e corrupções politicas e sociais, o escritor baiano recria com ricos detalhes a vida do militar prestes. 
   Como eu havia comentado com o pessoal do grupo do projeto ( se você ainda não está no grupo e quer participar conosco, deixe um comentário que te adiciono lá! ;),  hoje eu não farei uma resenha sobre os acontecimentos do livro, e sim colocarei alguns pontos que usei num projeto científico para a faculdade, na qual eu apresento "Geografia e Literatura: Em busca da identidade brasileira perdida" onde eu faço uma recapitulação da literatura sobre aspectos culturais, sociais e estereótipos brasileiros. Nada melhor do que usar Jorge Amado, né? 

A partir da “Teoria do Cavaleiro da Esperança” de Jorge Amado, julgado, sobretudo como uma questão, uma hipótese, o escritor baiano nos apresenta em sua obra de 1941, a seguinte problemática:  em  tempos  de  crises,  o  brasileiro  busca  e,  se  faz  necessário  essa  busca,  de aspectos de nossa cultura e, ainda mais, representantes e heróis nacionais para extinguir as crises culturais, sociais, políticas e econômicas que o país vive.
   Na dada época que o livro fora publicado, o Brasil se via sob o forte regime do Estado Novo de Getúlio Vargas, que trabalhava com a censura e a opressão contra aqueles que se recusavam a se sujeitar a um governo repressor e com tendências fascistas. Jorge Amado, então, discorreu em seu livro a biografia de Luís Carlos Prestes, símbolo de resistência e luta do povo brasileiro. 
A busca de características que refletem a identidade brasileira é uma consequência para enfrentar as crises políticas, sociais, culturais e econômicas que o Brasil vem enfrentando. As tensões que moveram instabilidades políticas brasileiras nos últimos anos contribuíram, e muito, para um descontentamento da população e, com isso, o sentimento de insatisfação e a perda do orgulho de ser brasileiro.
Na obra, acompanhamos uma biografia, de um modo não convencional, de Luís Carlos Prestes, símbolo de luta e resistência contra o governo autoritário de Getúlio Vargas na época. O próprio Jorge Amado admite que seu trabalho trata-se de um livro político, com intenções claras: além de buscar a anistia de Prestes, temos uma obra que incita os brasileiros a salvarem o  Brasil  da  grande  crise  política  e  cultural  que  vivia,  buscando,  assim,  suas  características
nacionais.
“Na luta pela anistia, pela democracia e contra o Estado Novo, mas principalmente contra o fascismo, este livro foi uma arma. [...] Este é um livro político, escrito para a campanha de anistia, para a liberdade de Prestes.” 
Jorge, assim como grande parte dos escritores regionalistas e da década de 30 tinham um caráter de crítica ao governo opressor em seus romances, sendo eles reprimidos, censurados e, no caso do escritor baiano, exilados.
O Cavaleiro da esperança foi um dos livros do escritor que foram queimados em praça pública,  com  a  justificativa  de  que  tratavam-se  de  livros  comunistas  e  contra o  governo  de
Vargas.

Logo no seu prefácio para a edição brasileira publicada em 1942, Amado propõe uma ideia para que o Brasil tomasse as rédeas.
“O governo que nascer das eleições deve ser, para poder cumprir a sua missão histórica de dirigente da sexta potência mundial, necessariamente de unidade nacional, sem o que só nos restaria a desgraça de guerra civil.”
Mas os movimentos de resistência brasileira na época eram censurados e silenciados, existiam sim grupos opressores todos àquela situação, buscando saídas. Jorge Amado, acredita que as ferramentas para combater de forma eficaz a questão seria buscar através da arte e cultura.
“A verdadeira inteligência brasileira resistia, no entanto, por vezes apenas com o silêncio, mas resistia. [...] Em compensação abre-se uma radiosa perspectiva para a literatura e a arte brasileira com a volta da liberdade, com a liquidação do nazifascismo, com a possibilidade de discutir os problemas brasileiros, de criar sobre a realidade do povo. ”

Diante  de  uma  crise,  como  vivemos  hoje  e  a  vivida  por  Jorge  Amado,  guardada  as proporções, contam com uma necessidade de resgatar nossas características enquanto povos unificados para sair dos conflitos. São as características, sentimentos, patriotismo e os interesses em comum que fazem surgir os “heróis” nacionais. O caos da espaço para possíveis milagres.
“Um dia o povo negro do Brasil, escravo e desgraçado, fez o milagre de poesia que foi o poeta Castro Alves. Um povo que não podia falar precisando de uma voz que clamasse. Fez o milagre da mais bela das vozes.”

Surgindo assim o herói nacional, com suas representações e individualidade
“Herói, que coisa tão simples, tão grande e tão difícil! Que palavra mais linda! Só o povo, [...], concebe, alimenta e cria o Herói. Nasce das suas entranhas que são as suas necessidades. Nasce do povo, é o próprio povo máximo das suas qualidades. Como o Poeta, vai na frente do povo. O Poeta e o herói constroem os povos, dão-lhe personalidade, dignidade e vida. São momentos supremos na vida de uma nação e na vida de um povo. Tão necessários como o ar que se respira, a comida que se come, a mulher que se ama. [...] o povo nunca se engana. Ele sabe como é a voz dos seus poetas, porque é a sua própria voz. Ele reconhece a figura dos seus heróis porque é a própria figura. [...] . Seu coração e seu pensamento estão com seu Poeta e o seu Herói, sua voz e seu braço.”

  Assim, atrelo aspectos sociais, culturais, geográficos e políticos na construção de minha pesquisa. A literatura é a representação de um povo e assim, seus heróis presentes. Essa pesquisa tem como interesse buscar através da literatura as personagens mais marcantes do nosso literato e as suas representações para sairmos das crises que temos vivido
***

É isso então, pessoal! Eu gostei bastante do livro e recomendo a todos que gostam de uma boa biografia, sobretudo de daquelas com toques especiais, como Jorge já nos provou em "ABC de Castro Alves" e agora com "O Cavaleiro da Esperança"! 
E vocês, o que acharam desse livro?

Ps.: Desculpa os diversos tipos de formatação e, em especial, o formato de citação equivocado, o motivo para essa estabanação é a própria plataforma da blogspot que não oferece boas ferramentas para tal ato.