Boa noite, pessoal! Quanto tempo, não?!
Desculpa o sumiço, mas meu tempo está muito corrido nesse semestre, trabalho, faculdade e projetos de escrita acabaram fazendo com que nos atrasássemos um pouco com a leitura cronológica, mas estamos firmes e fortes! Logo, vamos apresentar mais uma resenha! Chegamos então, no oitavo livro de Jorge! O Cavaleiro da Esperança!
Essa biografia ambientada nos árduos tempos de tensão mundial, na qual a Europa se via sob conflitos da segunda guerra mundial e regimes totalitários, e o Brasil vivia sob o Estado Novo de Getúlio Vargas, Jorge Amado escreve sua obra numa espécie de afrontamento a todo aquele contexto, além de ser um pedido pela anistia de Luis Carlos Prestes.
Jorge amado, além de tecer um grande panorama sobre o contexto político e social do país na época, denunciando instituições e corrupções politicas e sociais, o escritor baiano recria com ricos detalhes a vida do militar prestes.
Como eu havia comentado com o pessoal do grupo do projeto ( se você ainda não está no grupo e quer participar conosco, deixe um comentário que te adiciono lá! ;), hoje eu não farei uma resenha sobre os acontecimentos do livro, e sim colocarei alguns pontos que usei num projeto científico para a faculdade, na qual eu apresento "Geografia e Literatura: Em busca da identidade brasileira perdida" onde eu faço uma recapitulação da literatura sobre aspectos culturais, sociais e estereótipos brasileiros. Nada melhor do que usar Jorge Amado, né?
A partir da “Teoria do Cavaleiro da Esperança” de
Jorge Amado, julgado,
sobretudo como uma questão, uma hipótese, o escritor baiano nos apresenta em
sua obra de 1941, a seguinte problemática:
em tempos de
crises, o brasileiro
busca e, se
faz necessário essa
busca, de aspectos de nossa
cultura e, ainda mais, representantes e heróis nacionais para extinguir as
crises culturais, sociais, políticas e econômicas que o país vive.
Na dada época que o livro fora publicado, o Brasil se
via sob o forte regime do Estado Novo de Getúlio Vargas, que trabalhava com a
censura e a opressão contra aqueles que se recusavam a se sujeitar a um governo
repressor e com tendências fascistas. Jorge Amado, então, discorreu em seu
livro a biografia de Luís Carlos Prestes, símbolo de resistência e luta do povo
brasileiro.
A busca de características que refletem a identidade brasileira é uma
consequência para enfrentar as crises políticas, sociais, culturais e
econômicas que o Brasil vem enfrentando. As tensões que moveram instabilidades
políticas brasileiras nos últimos anos contribuíram, e muito, para um
descontentamento da população e, com isso, o sentimento de insatisfação e a
perda do orgulho de ser brasileiro.
Na obra, acompanhamos uma biografia, de um modo não
convencional, de Luís Carlos Prestes, símbolo de luta e resistência contra o
governo autoritário de Getúlio Vargas na época. O próprio Jorge Amado admite
que seu trabalho trata-se de um livro político, com intenções claras: além
de buscar a anistia de Prestes, temos uma obra que incita os brasileiros a
salvarem o Brasil da
grande crise política
e cultural que vivia, buscando,
assim, suas características
nacionais.
“Na luta pela anistia, pela democracia e contra o Estado Novo, mas principalmente contra o fascismo, este livro foi uma arma. [...] Este é um livro político, escrito para a campanha de anistia, para a liberdade de Prestes.”
Jorge, assim como grande parte dos escritores
regionalistas e da década de 30 tinham um caráter de crítica ao governo
opressor em seus romances, sendo eles reprimidos, censurados e, no caso do
escritor baiano, exilados.
O Cavaleiro
da esperança foi um dos livros do escritor que foram queimados em
praça pública, com a
justificativa de que
tratavam-se de livros
comunistas e contra o
governo de
Vargas.
Logo no seu prefácio para a edição brasileira publicada em 1942, Amado
propõe uma ideia para que o Brasil tomasse as rédeas.
“O governo que nascer das eleições deve ser, para poder cumprir a sua missão histórica de dirigente da sexta potência mundial, necessariamente de unidade nacional, sem o que só nos restaria a desgraça de guerra civil.”
Mas os movimentos de resistência brasileira na época
eram censurados e silenciados, existiam sim grupos opressores todos àquela
situação, buscando saídas. Jorge Amado, acredita que as ferramentas para
combater de forma eficaz a questão seria buscar através da arte e cultura.
“A verdadeira inteligência brasileira resistia, no entanto, por vezes apenas com o silêncio, mas resistia. [...] Em compensação abre-se uma radiosa perspectiva para a literatura e a arte brasileira com a volta da liberdade, com a liquidação do nazifascismo, com a possibilidade de discutir os problemas brasileiros, de criar sobre a realidade do povo. ”
Diante de uma
crise, como vivemos
hoje e a
vivida por Jorge
Amado, guardada as proporções, contam com uma necessidade de
resgatar nossas características enquanto povos unificados para sair dos
conflitos. São as características, sentimentos, patriotismo e os interesses em
comum que fazem surgir os “heróis” nacionais. O caos da espaço para possíveis
milagres.
“Um dia o povo negro do Brasil, escravo e desgraçado, fez o milagre de poesia que foi o poeta Castro Alves. Um povo que não podia falar precisando de uma voz que clamasse. Fez o milagre da mais bela das vozes.”
Surgindo assim o herói nacional, com suas
representações e individualidade
“Herói, que coisa tão simples, tão grande e tão difícil! Que palavra mais linda! Só o povo, [...], concebe, alimenta e cria o Herói. Nasce das suas entranhas que são as suas necessidades. Nasce do povo, é o próprio povo máximo das suas qualidades. Como o Poeta, vai na frente do povo. O Poeta e o herói constroem os povos, dão-lhe personalidade, dignidade e vida. São momentos supremos na vida de uma nação e na vida de um povo. Tão necessários como o ar que se respira, a comida que se come, a mulher que se ama. [...] o povo nunca se engana. Ele sabe como é a voz dos seus poetas, porque é a sua própria voz. Ele reconhece a figura dos seus heróis porque é a própria figura. [...] . Seu coração e seu pensamento estão com seu Poeta e o seu Herói, sua voz e seu braço.”
Assim, atrelo aspectos sociais, culturais, geográficos e políticos na construção de minha pesquisa. A literatura é a representação de um povo e assim, seus heróis presentes. Essa pesquisa tem como interesse buscar através da literatura as personagens mais marcantes do nosso literato e as suas representações para sairmos das crises que temos vivido
***
É isso então, pessoal! Eu gostei bastante do livro e recomendo a todos que gostam de uma boa biografia, sobretudo de daquelas com toques especiais, como Jorge já nos provou em "ABC de Castro Alves" e agora com "O Cavaleiro da Esperança"!
Ps.: Desculpa os diversos tipos de formatação e, em especial, o formato de citação equivocado, o motivo para essa estabanação é a própria plataforma da blogspot que não oferece boas ferramentas para tal ato.
Renan,adorei sua resenha!!! Quanto ao livro, achei bastante panfletário. Sei que ele tem mesmo esse propósito de ser político. Mas eu diria que as biografias não são meus livros preferidos de Jorge Amado.
ResponderExcluirObrigado pela sua participação, Regina!
ExcluirEu também prefiro muito mais os romances dele!
Com carinho,
Renan Messias.
Renam,muito bom o formato que usou para construir a resenha.sim o livro foi uma ferramenta planfetária porque o momento não lhe permitia muita liberdade de expressao que resultou na proibição de editar os livros e a destruição dos mesmos.Quando lhe foi possível editar novos livros Jorge nos surpreendeu com um novo jeito de expressar o seu descontentamento com a situação vigente.A partir daí escreveu romances com enredos de paixões misturadas com a miséria real.
ResponderExcluirSou muito grato pela sua participação, Sônia! Sinto que, a cada palavra e comentário seu, nosso grupo ganha uma riqueza sem igual! =)
ExcluirCom carinho,
Renan Messias.
Adorei sua resenha, deixando os melhores pontos do livros, para deixar-nos com um gostinho de quero mais, Jorge amado sempre me encanta com suas obras é essa não são dessa lista.
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirCom carinho,
Renan Messias.
Está de parabéns pela resenha! Um livro muito diferente do que estamos acostumados a ler de Jorge, leitura válida, aprendi muito sobre a vida de Prestes e obrigada pela leotule em conjunto.
ResponderExcluirObrigado, Natália! Fico muito feliz com sua participação =)
ResponderExcluirCom carinho,
Renan Messias.